18 fevereiro, 2009

O meu gosto é melhor do que o teu

Bruno Nogueira escreve, numa frase, o que eu tento explicar há anos mas que nunca consigo resumir: "Há qualquer coisa de intelectual em contradizer as massas".

É mais ou menos isto. Leiam o post na totalidade e está aí a minha opinião em relação aos críticos de cinema que dão notinhas nos jornais. E aproveito para estender a crítica a muito boa gente que aí anda, a opinar seja sobre música, teatro ou costura. Opinam como se a sua opinião fosse superior. Do alto das suas sabedoria e cultura refinadas, ditam dogmas que, na sua maioria, são contra a opinião recorrente ou visam uma obra desconhecida da esmagadora maioria das pessoas.
Falar e criticar um filme feito por alunos de uma faculdade no Botsuana e apelidá-los de futuros Hitchcock equivalerá, portanto, ao topo da tabela de prestígio destas pessoas. Quanto mais difícil e inacessível é a obra, melhor a entende o pseudo-intelectual. Se lhe falamos de coisas mais mainstream, parece que lhe falamos de um bicho venenoso, tal é o desprezo com que nos olha enquanto pensa "que mente tão vazia". Irritam-me indies à força, aqueles que só o são porque parece bem, porque querem integrar-se, porque ouvem 383784373 bandas por dia quase por uma obrigação auto-infligida só para tirarem uns quantos nomes desconhecidos da manga e mostrarem conhecimento.

Havia tanto por dizer. Mas eu tenho este problema, que é andar às voltas e não conseguir elaborar duas ou três frases-chave que transmitam o meu pensamento. Apresento já as minhas desculpas a qualquer erudito do português que, por algum azar, se tenha perdido e tenham vindo ter a este pasquim. Falta-me a clarividência do Bruno :(

PS: É um bom filme :D

8 comentários:

O Analista disse...

O que vale é que eu gosto de música pimba e para a palhaçada e admito :D Mas acho que isso já é do conhecimento comum...


PSD - Olha lá, ó piolha... tu não dormes?
Como diz o francês: 'Vaie reclamarre prra .... da tua ilhã!'

afectado disse...

Tens toda a razão...

Anónimo disse...

Cinema pa mim sempre foi aquela paixão. Na altura em que andava no 7ºano fazia críticas dos filmes que o prof. de história nos mostrava nas aulas e ele incentivava-me a fazer disso profissão. Ainda bem que isso foi uma fase. Também já quis ser taxista e passou-me. Portanto o facto de kerer ser crítica de cinema também me tinha q passar...

Bem, o certo é q escrevia o q "o mais comum dos mortais" escreveria ao ver aqueles filmes. Não me punha com avaliações baseadas nos mil zerocentos e zerenta filmes que tinha visto até à altura, até porque inda não havia as facilidades das internets e a boa vontade do ppl q gosta de partilhar, e o bilhete já chegava aos 500escudos! E depois com as pipocas e a coca-cola, olha o investimento q não era! Assim a ideia de brincar aos "críticos de cinema" ficava cara!

Gostos não se discutem, pah!

Liliana Carvalho Lopes disse...

Tens toda a razão!
Além disso o bruno Nogueira é grande, mesmo que não o fosse literalmente, era grande na mesma hehe
(também sigo o blog e adoro o rapaz)

mario_no_code disse...

Eu penso que tens razão quando realças a ideia de que há pessoas que gostam de contradizer as massas.Queria só acrescentar umas ideias que tenho sobre o tema.

Na realidade também há as pessoas que gostam de contradizer as minorias. Como há também as "modas", onde se incluem o grunge, as pop bands, o nu metal e o indie.
Existe a tal "pseudo-intelectualidade", mas também existe a "pseudo-convencionalidade"; as pessoas que gostam de ditar "padrões" musicais, o que é música e o que não é música, e que olham de alto para outro se se fala numa banda menos conhecida.Felizmente não vivemos apenas da "intelectualidade" nem da "convencionalidade", pois senão não teriamos, por exemplo, o rock, pois este nunca teria sido "inventado".

Como referiste,também há os críticos, mas os críticos só existem porque há quem os leia. É na rádio, na TV, na política, na música, desporto, cinema e outras artes. E se eles estão em tantos sítios, então é porque a maioria os lê/ouve.

Li o artigo do Bruno Nogueira e pensei "ok, tens razão, mas e se o artigo fosse sobre um filme de que não tivesses gostado?".Avaliar e qualificar é sempre difícil e polémico, porque nem todos concordarão.Resumindo o que para aqui escrevi, infelizmente os críticos existem por dois motivos, um bom e outro mau: o bom é que hoje em dia há tanta oferta na arte e noutras áreas, que existe a necessidade de "condensar" a oferta ao que uns e outros poderão achar de melhor; o mau, é que a maioria baseia-se nisto para encontrar o que "gosta", sem se dar ao trabalho de procurar por si próprio, pensando que o trabalho dos críticos é supostamente "objectivo", mas é apenas um exercício de opinião pessoal.

**

Sara non c'e disse...

Mário, falas bem, mas a minha critica é, lá está, uma critica pessoal. Eu sei que há os dois lados mas este irrita-me mais. É que com o convencional posso eu bem... o que me irrita é esta característica de superioridade mais acentuada nos tais pseudo-intelectuais. Podes dizer-me que achas que ambos têm a mania que sabem mais mas eu fico com a minha percepção :P

Quanto a haver críticos, ainda bem que os há! Há em todo o lado (eu prefiro os blogs) e sim, é uma opinião pessoal. Também já escrevi criticas a álbuns e o editor sempre me disse que era mesmo para escrever a minha opinião (embora eu achasse que isso deveria estar bem identificado como tal, e muitas vezes não está). O que me irrita são críticos que querem ser imperceptíveis, inalcançaveis, que falam com um palavreado tão erudito e que constroem um texto tão, sei lá, abstracto que parece que só querem parecer superiores aos restantes mortais. Muitas vezes só conseguem elogiar aquilo que é tão desconhecido porque é bem...E o facto de eu gostar do filme ou não é tão irrisório para a minha opinião que a pus em post scriptum :P

Boa viagem a Barcelona!!! Adoro esse raio dessa cidade <3

prl disse...

Tens tanta razão! A opinião é um direito muito bonito, mas a imposição da mesma como uma verdade incondicional, a objectividade de uma análise tão subjectiva como aquela feita a um filme, a música (ou seja lá o que for) não passa de uma tentativa absurda de superioridade intelectual.

Como disse o Bruno Nogueira: "Mais do que isso já é masturbação intelectual."... e há quem tire tanto prazer disso :P

gostei da foto lá em cima :P *

mario_no_code disse...

Sara, sempre que escrevo uma opinião, é mesmo isso, uma opinião, e não uma imposição; por isso disse "quero só acrescentar umas ideias que tenho sobre o tema" e não "deverias ter estas ideias sobre o tema".

Relativamente ao que te irrita mais, também já foi esse lado o que me deu mais "comichões", neste momento distribuo essa irritação pelos dois lados. :)

Tal como disse "o trabalho dos críticos é supostamente "objectivo", mas é apenas um exercício de opinião pessoal", logo aqui estou a dizer-te que sei que as pessoas são subjectivas quando avaliam algo. A questão é, se tu não gostas, por exemplo de Placebo, faz-te sentido analisares um concerto deles? E não gostando deles, se a crítica for má, vais-te sentir chateada por isso? Mas se gostares, isso de certeza que não te irá agradar. O que disse foi, a forma como uma crítica parece-te bem ou mal depende do gosto que tens pelo que estão a avaliar - subjectividade.Daí que estranho falarem-me de objectividade.

A questão da "complicação" da crítica nem vem se calhar tanto do facto de serem críticos. Há políticos, escritores, informáticos, músicos, pintores, engenheiros e varredores do lixo com tiques de superioridade...Mas é como dei a entender, o meio termo é que faz sentido, nem erudito, nem brejeiro, nem básico e muito menos "mente fechada".Eu li o comentário do "crítico", e não concordei. Mas consigo conceber que ele não goste ao ponto de dizer aquilo, e respeito a opinião dele por isso.Só me preocupa que o levem demasiado a sério...Eu não levo lol.

Preocupa-me ainda mais quando as pessoas seguem de forma cega algo que um artista diz, ou quando não compreendem uma opinião contrária (aqui já não me refiro à tua mensagem).Isso sim é a objectividade "recalcada" ao extremo.Prefiro ser subjectivo e pensar de vez em quando nas coisas, e se calhar expôr um outro ponto de vista diferente.

Masturbação intelectual é fofo. Abstinência intelectual também lol.Eu cá prefiro os meus genitais. :)