28 janeiro, 2013

E aos adultos que não têm aproveitamento, que fazer?

Como é que chegámos a um ponto em que as pessoas que têm na mão (ou desejam ter) o poder e a responsabilidade de decidir os destinos de milhares de portugueses são do mais medíocre que Portugal tem?

Não deveria ser um cargo reservado a quem fosse excepcional, em vários campos? Alguém que tivesse um percurso de vida exemplar, pautado pela honestidade, perseverança, altruísmo, forte sentido de cidadania e conhecimento da realidade em que a maioria da população - seja do país ou da freguesia que se quer governar - vive?

Como é que chegámos a um ponto em que o único currículo que os nossos governantes - e aspirantes - têm é no cargo militante na empresa partido X?

E se temos um amontoado de gente incapaz a candidatar-se para um cargo, porque temos de escolher entre um deles na mesma?

É isto a democracia?

Este blogue começou para que eu pudesse comentar (reclamar é a palavra mais correcta) vários assuntos do dia. Estive muito activa no tempo de Sócrates. Curiosamente, abrandei muito desde que temos como primeiro-ministro um idiota chamado Passos Coelho e um governo chamado Mercados. Porquê? Porque tenho mais que fazer da vida, e a quantidade de notícias que me revoltam é tão grande que eu podia estar a escrever 24 horas aqui que se calhar não eram as suficientes. Existe um Relvas no governo - pelamordedeus! - isto diz tudo.

Olhamos para a realidade e gostariamos que fosse só um pesadelo. Gostaríamos que BPNs, Submarinos, aumentos inúteis de impostos, Dias Loureiros, Relvas e Sofias Galvões não existissem de verdade.

Mas infelizmente são. Como resolver isto em democracia? Seria bom confiar na justiça. Seria bom também que o maior partido da oposição não fosse feito praticamente da mesma raiz podre, a do partidarismo e da estupidez.

Serve tudo isto para falar de António Parada, candidato do PS à Câmara de Matosinhos. O senhor parada foi apanhado por um vídeo amador a falar sobre as suas convicções. Uma delas é a de que a escolaridade até aos 18 anos deveria acabar. A outra é isto:

"eu acho que os jovens devem ser apoiados pelo Estado, pelo Estado de Direito, apoiar aqueles que tem aproveitamento, aqueles que nao têm a partir dos 14 anos devem ter a liberdade de ir trabalhar".

Acho que sim. Que o que falta em Portugal, neste momento, é mão-de-obra. É uma medida óbvia, a julgar pela ovação monumental que se segue às declarações deste licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais pela universidade privada Fernando Pessoa (curso com nota mínima de entrada de 9,5 e, apesar de ter apenas 25 vagas, o último candidado entrou com média de 11,6... Lá se vai o aproveitamento).

Anos de luta pela evolução, e aqueles que mais beneficiaram dessa mesma evolução são os primeiros a cagar nela e a mandarem verborreia com orgulho. Sem um mínimo de noção.

E a estes adultos sem aparente aproveitamento, o que se faz? Manda-se de volta para a escola? 

O vídeo pode ser visto (e chorado) aqui: https://www.facebook.com/photo.php?v=515555791801246

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