11 maio, 2012

Muda de vida se tu não vives satisfeito. Muda de vida, não deves viver contrafeito

Só o nosso primeiro ministro para me despertar do meu estado de letargia blogueira.

No dia em que Bruxelas revelou que prevê para Portugal, este ano, uma subida da taxa de desemprego para 15,5%, o nosso primeiro-ministro (que, por questões de ideologia económica, tudo tem feito para que este número continue a subir, embora não o admita), optou agora por uma nova estratégia.

Como não vai fazer nada para solucionar o caso, primeiro aconselhou-nos a emigrar, a sair da nossa zona de conforto; depois, disse-nos para não sermos piegas. Agora, resolveu recorrer à psicologia e quer-nos convencer de que estar desempregado não pode ser encarado como algo negativo. Não! Despedir-se ou ser despedido "Tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha, uma mobilidade da própria sociedade”, disse o inútil mais importante do nosso país, colocando quem se despede e quem é despedido no mesmo saco, o das "oportunidades".

Este homem, que toda a vida foi um lutador, fazendo toda uma carreira nesse banco de cunhas que é uma Jota e tendo trabalhado também na empresa de um amigo, continuou com as suas palavras de incentivo:

“a cultura média é a da adversão ao risco” e “a generalidade dos nossos jovens licenciados, que têm hoje um nível de qualificações muitíssimo mais elevado do que alguma vez aconteceu na história portuguesa, preferem ser trabalhadores por conta de outrem do que serem empreendedores”. Algo que na visão de Passos Coelho “tem de ser alterado”.

Isto porque, ainda de acordo com sua excelência, o estúpido, “nós não temos emprego para a vida inteira, como não temos empresas para a eternidade”, dando a entender que o problema português é mesmo esse: não queremos mudar de emprego. Os 15% de desempregados estão assim porque teimam em só querer trabalhar na sua área. A culpa é deles, que não emigram ou não são empreendedores e não criam uma empresa do nada mesmo que não tenham essa aptidão nem dinheiro.

Saberá ele a percentagem de negócios iniciados nos últimos anos por empreendedores que fracassaram? Claro que não. O que interessa é concluir que os desempregados estão nessa condição porque:

  1. Não emigram, ficando confortáveis na sua condição de desemprego e miséria
  2. São piegas e só se queixam da sua condição. Pelo amor de deus, é só desemprego, nem é nada de especial!
  3. Porque não são empreendedores e não inventam o seu próprio negócio num país onde todos os dias empresas abrem falência porque as pessoas não têm dinheiro e os impostos não param de subir e os apoios ao crescimentosão equivalentes a zero.
  4. Não há nada de errado em ser-se desempregado. Estar desempregado não é uma coisa negativa, mas sim uma oportunidade. É só coisas boas.

Se é assim tão maravilhoso ser-se desempregado e se essa condição é, afinal, uma oportunidade de sucesso e de mudança de vida, senhor Passos Coelho, faça-nos um favor: demita-se, porra!

3 comentários:

J. disse...

She's on fireee xD

Navajovsky disse...

esse senhor lava-me a um estado de nervos/vergonha que nem sei descrever. mas anda próximo do que aqui escreves

Cirrus disse...

Lindo, Sara!