22 fevereiro, 2012

Melhor amigo não correspondido. Um drama social

Ter amores trocados é do mais comum que pode haver na vida. E do mais doloroso também. Apaixonamo-nos por aquele rapaz tão engraçado, que nos faz rir e que tem tanto a ver connosco. Ele é tão perfeito... Não fosse o facto de gostar de outra galdéria qualquer. Sempre muito mais feia e antipática do que nós claro. Pelo menos a última parte.
Já me aconteceu o rapaz por quem me apaixonei gostar de outra rapariga com o mesmo nome e sobrenome que eu. Se houvesse um totoloto para falhados, eu tinha acertado no primeiro prémio dessa vez.

Tudo isto para introduzir um tema que me apoquenta. Melhores amigos trocados. Isto não é normal pois não? Não deve ser e eu carrego um certo sentimento de culpa. Eu tenho um amigo que me considera a sua melhor amiga. Sempre que me apresenta a alguém, é assim que ele me descreve. Desabafa comigo sempre que está mal, pede-me para eu o avisar quando estiver no Porto, telefona-me. Aquelas coisas normais que os melhores amigos fazem. A coisa só não é tão normal porque eu ainda agora não lhe atendi o telefone. E inventei uma desculpa.

Ora, se fôssemos melhores amigos eu dizia-lhe a verdade: odeio falar ao telefone e já conheço o desgosto de amor dele de trás para a frente, e tenho o jantar e uma mala pra fazer, e ainda ler um artigo (ou 15) para a tese.

Não. Se fôssemos melhores amigos, aquilo que eu fazia era atender-lhe o telefone sempre que ele me telefonasse e ouviria a mesma história outra vez, porque os melhores amigos são para isso.

Aqui reside o problema: eu nunca o vi como meu melhor amigo. E, como se acabou de ver através deste exemplo, também não me comporto como uma melhor amiga. Dou-lhe atenção via SMS, repito pela 1000ª vez que o tempo cura tudo e que foi melhor assim (até que deixo de responder porque tenho mil coisas por dia pra fazer e eu sei não parar ficamos naquilo o dia todo).

Eu sei a que soa isto que acabei de escrever: que gaja tão fria, nem um poste da EDP a queria como amiga, muito menos como *a melhor* amiga. Pobre rapaz! Mas a verdade é que eu também nunca recorro a ele para desabafar. Nem lhe telefono quando vou ao Porto para irmos sair, porque o tempo nunca dá para metade de tudo o que gostava de fazer. Ele não é o meu melhor amigo. Neste momento, o único melhor amigo gajo que eu tenho é o meu namorado, e isso, por mais maravilhoso que seja (é bom que o nosso namorado seja um amigo) entristece-me, porque eu sempre me dei melhor com rapazes e precisava de ter um bom amigo rapaz. Que não é o descrito neste texto. Aqui está um melhor amigo não correspondido. Algo de que eu nunca tinha ouvido falar: uma 'melhor amizade' não correspondida. E é tramado para ambas as partes.

E depois eu lembro-me de um grande amigo que tive há 5 anos e que de um momento para o outro desapareceu da minha vida, literalmente. Deixou de me atender, de me responder, de aparecer. Fiquei sem notícias dele durante meses. Aquele estava a tornar-se no meu melhor amigo (o que não é fácil, porque eu demoro a dar de mim). E de um momento para o outro, deixou-me, por razões nunca esclarecidas por ele. Está a fazer 4 anos agora.
Entretanto já nos voltamos a falar, apenas socialmente. Vemo-nos 2 ou 3 vezes por ano. Já foi há 4 anos e eu continuo a ter este desgosto cá dentro, porque sinto falta de um melhor amigo e podia ser ele, mesmo a 300km de distância. Mas ele também não me quis, e o karma é uma bitch porque agora aqui estou eu a falar de uma melhor amizade não recíproca. Embora os contornos sejam diferentes, também há linhas trocadas na amizade. Pelo menos na minha vida, porque acho que no mundo normal das pessoas normais isto não há-de acontecer. Melhores amizades não correspondidas... pff, que piegas. Ridículo!
Não é?

4 comentários:

J. disse...

Acontece. Muito.

Tens de lhe dizer isto.

Anónimo disse...

ao menos soubeste reconhecer que não estavas a ser correspondida e partiste para outra =) já esse teu amigo... credo.

Sara non c'e disse...

No meu caso foi abrupto. De um dia para o outro ele desapareceu do mapa. E não foi só para mim, foi para o resto do grupo. Quando voltou, não voltou realmente, pelo menos para mim. E a vida segue...

Anónimo disse...

a vida tem de seguir...