25 novembro, 2011

Greve à companhia

Padeço do extremo oposto da solidão: estou sempre acompanhada.

Nunca tenho um único momento para mim. Eu, filha única de uma mãe divorciada que trabalhava de manhã à noite, nunca me importei com uma casa sozinha. Pelo contrário, sempre apreciei muito esse espaço (porque o contrabalançava com uma vida social normal, equilibrada). Ter de estar, desde há dois anos, 24 horas sobre 24 horas acompanhada por várias pessoas diferentes, até no meu quarto, é como estar numa prisão. E numa privação de silêncio. Desgasta-me. Molda-me. Vivo contrariada e isto há-de deixar alguma marca (acho que já deixou). Já nem este espaço é anónimo, já nem aqui estou sozinha, até na blogosfera tenho de medir assuntos e palavras.

Acho que a total ausência de solidão não aflige tanto (ênfase no tanto) quanto a própria solidão. Afinal de contas, somos bichos sociais.
Uns mais do que outros.


Faz este mês dois anos desde que me mudei para Lisboa.

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