19 outubro, 2011

As novas medidas de tempo

Eu sou absolutamente contra o novo acordo ortográfico. Mas não porque o para perde o acento e fica igual ao outro para, ou porque vou passar a escrever receção, enquanto os brasileiros vão continuar a escrever recepção. Sou contra porque não engloba todas as mudanças que estamos a viver.

Creio que fazem imensa falta novas medidas temporais. O hoje, o ontem e o há 15 dias estão ultrapassados. Às vezes não temos bem a certeza de quando foi e não queremos ser tão precisos. Proponho o seguinte:

-Que se implemente a expressão "há dois subsídios de Natal atrás"

Exemplo:
  • "Já não compro bacalhau desde há dois subsídios de Natal".

Estas expressões podem ter variantes. Se não foi assim há tanto tempo, pode usar-se o "desde há um subsídio de Natal e um subsídio de férias". Lá está: menos tempo do que a expressão anterior, mas suficientemente vago, uma vez que a rece(p)ção do subsídio de férias variava de empresa para empresa. E acabam-se acusações desagradáveis, como a do exemplo seguinte:

  • -"há um subsídio de Natal e há um subsídio de férias atrás ainda éramos casados! Como é que em Maio tu já andavas enfiado com essa sirigaita?
          -"não, não, que eu recebia o meu subsídio de férias em Julho. Por isso em Junho já era livre para andar com quem quisesse, sua funcionária pública".

Esta poderá ser outra novidade a implementar no novo acordo: a introdução de novos insultos. Actualmente, ser funcionário público é ainda mais mal visto do que era no passado. Culpados de todas as desgraças do mundo, chamar alguém de funcionário público poderá ser sinónimo de sorna, ou cafajeste.


Outras expressões temporais que, na minha opinião, deveriam entrar no léxico nacional:

  • "O tempo em que o IVA da electricidade era de 6% é que era bom!"

  • -"Faço parte da geração 5% de desemprego. E tu?
          -Eu sou mais nova, ainda sou da dos 13%"


Expressões engraçadas que também podem ser implementadas:
  • "Parecia um buraco do Jardim!". 
Para usar quando o buraco em causa é fundo e cada vez vai ficando pior, quem sabe com aspecto calamitoso.

  • "Só me metes em BPNs".
Fraude. Negócio ruinoso do ponto de vista da maioria e que apenas beneficia um círculo restrito de amigos. Para usar quando a marosca é mesmo muito, muito grande.


  • "O cenário clínico é reservado. Foi-lhe diagnosticado um Pedro Passos Coelho"
Distúrbio de personalidade que mistura sintomas de falta de personalidade própria com os de um mentiroso compulsivo. Pode também ser usado como insulto. Cfr. "funcionário público".

2 comentários:

Cirrus disse...

:D Muito bom!

Anónimo disse...

ó Sara tu és fabulástica!
*private joke* eu ainda sou do tempo de JCC =)