05 outubro, 2010

5 de Outubro - dia de se ser português e deitar abaixo

Uma leitura rápida pela blogosfera e uma pessoa fica com vontade de ir comprar anti-depressivos. Já não basta o ronhonhó diário, bi-diário, tri-diário, quantos telejornais houver, da crise e dos impostos e de como vamos todos pelo cano abaixo, ai ai ai que temos de diminuir a despesa e cortar aqui e ali, quando a discussão deveria ser: como melhorar? Como aumentar a competitividade sem demagogias de reduções salariais, como expandir o mercado e aumentar as exportações?

O mesmo se passa com o centenário da República. Ronhonhó, isto está muito mau, os nossos governantes são uma cambada de gatunos, chupistas, incompetentes, eu cá fazia muito melhor, o Jerónimo é um Estaline, um Kin Jong; o Paulo Portas é um hitler sem bigode e com dentição imaculada; o Sócrates é [abrir um qualquer jornal diário e escolher uma das críticas]; o Passos Coelho não é carne nem é peixe; o Cavaco é um yes man, não concorda mas promulga, discorda mas assina, tem dúvidas mas deixa seguir, que é proibido mas pode-se fazer; o Soares é gagá; cambada de incompetentes, se a República é isto nada há a festejar.

E eu digo está bem. Mas na realidade não está. Não estão bem os políticos que temos, não está bem o povo que temos. Se os nossos intelectuais servem para isto, para nos dizer o óbvio, então temos os políticos que merecemos. E nos quais, aliás, votamos. Se achamos que aqueles não nos servem, podemos não votar neles, podemos fazer alguma coisa, podemos apoiar quem achamos que vale a pena, temos esse direito. Isto foi uma das coisas que o 5 de Outubro de 1910 nos deu. Se acham que nada há a festejar, das duas uma: ou acham que com um chefe de Estado, que só o é porque tem 10 nomes aristocráticos, estamos melhor, ou então pegam, dizem que sim senhor isto está muito mau e apontam uma alternativa. Isso é que era, ãh? Para falar mal estamos aqui todos, inclusivamente eu. Porque não sou capaz de melhor. Também é por isso que não sou ninguém e ganho uma miséria. Se os ilustres críticos com posições privilegiadas para agir e serem ouvidos se limitam apenas a dizer: Não festejo, isto está tudo mal, então muito obrigada por me fazerem perder tempo a ler-vos.

Se calhar o problema não está no sistema. Se calhar a culpa não é da República, nem da Democracia, que vivemos actualmente e que, até ver, é o menos mau que a história já viu. Se calhar o problema é que qualquer sistema é feito por pessoas. Isso é que lixa sempre tudo.

Proponham um sistema melhor. Até lá, eu vou dizer: Viva a República!

11 comentários:

Cirrus disse...

Eu propus! Alguém leu? Então onde estava o interesse nas "soluções"? Ou é mais fácil não pensar nisso? Seria interessante, de qualquer maneira, que pessoas que se queixam de que só existe crítica soubessem também ler as soluções propostas...

Sara non c'e disse...

Cirrus, propuseste hoje? Parece-me claro que me refiro à blogosfera de hoje, 5 de Outubro. Se propuseste antes, lamento mas ler blogues não é a minha profissão, pelo que não tenho obrigação de saber se propuseste ou não propuseste. Assim, pedia-te que te moderasses no tom com que te diriges a mim.

Cirrus disse...

Sara, não é a ti que me dirijo, antes a todos os que se queixam de tudo, e, como dizes, nada propõem para melhorar a situação, mas que aparentemente são os mesmos que não procuram soluções nos outros também.
Como tens uma expressão que utilizas no teu blog que é retirada (ou assim interpreto) de um dos meus posts, desculpa lá, mas penso que te referes a mim. E se for esse o caso, também eu tenho todo o direito de propor o mesmo que tu me propuseste: modera o tom.
Não se fala dos outros da maneira que nos apetece e depois nos pomos em bicos de pés. É a vida...

Sara non c'e disse...

Cirrus, o que eu digo no meu post é: "Se os ilustres críticos com posições privilegiadas para agir e serem ouvidos (...)". Estes são os destinatários do meu post. A não ser que tu estejas ligado a algum partido político, que sejas deputado, ou que, por exemplo, sejas jornalista de assuntos políticos e escrevas colunas em jornais, este post não te é dirigido. Esclarecido? Agora gostava que me esclarecesses tu a mim e me dissesses o que é que eu digo no meu post que tu também tens no teu blog. E eu não me pus "em bicos de pés", nem tenho porque me pôr. O meu post, aliás, mais claro não podia ser. Mas de qualquer maneira espero que me tenha feito entender agora.

Cirrus disse...

Sara, com certeza. Não eram essas palavras a que me referia, mas visto que não as referiste, vejo que não tiveste a intenção de me atingir.

Peço desculpas.

Como curiosidade, deixo-te o post que pensei que tivesses criticado directamente.

http://cirrusminor-cirrus.blogspot.com/2010/08/surpresa.html

Agora já podes ver porque fiquei assim.

Cirrus disse...

Ora, diz lá, é uma coincidência que pode parecer algo que, já vi, não é...

Sara non c'e disse...

Ó Cirrus, esta crítica não é propriamente inédita, já que é não seremos os únicos a achar ridícula a prestação deste fantoc... deste presidente! Além disso, quando leio os teus posts costumo comentar. Ah, e esse tipo de críticas colocadas no meu post em tom leviano foram da minha cabeça, porque é o que eu acho. :) acho apenas que, conrodando ou não comigo, podias ter-te dirigido a mim no teu primeiro comentário com outros modos...

Cirrus disse...

Já te pedi desculpas. E olha que não, não há assim tanta gente a criticar o Cavaco como eu o critico. Bem pelo contrário.
Mas que foi uma coincidência do catano, foi.

Sara non c'e disse...

Não leves a mal, mas esta é uma crítica recorrente, dada a miserável prestação do sujeito enquanto PR. Se até eu percebo... :P

Quanto ao criticar o Cavaco, nunca votei nem votarei nesse sujeito.

Dylan disse...

Toma lá algo para te pôr em cima:
http://anticriseportugal.wordpress.com/

Sara non c'e disse...

Ah Dylan, obrigada!! Eu ando sempre a ver sites de passatempos e artigos sobre eventos grátis! Ainda a semana passada ganhei 2 bilhetes de cinema :)

A criatividade em tempo de crise dispara :)