31 agosto, 2010

A discriminação

Núcleo duro de Sarkozy cerra fileiras e propõe expulsar quem roubar ou mendigar
Por Ana Fonseca Pereira

Sob o fogo das críticas – externas, mas também cada vez mais internas –, o Governo francês endureceu de novo o seu discurso e anunciou que vai rever a lei da imigração para tornar possível a expulsão de estrangeiros que “ameacem a ordem pública através de actos repetidos de roubo ou mendicidade violenta”.

Os ministros próximos de Sarkozy dizem que a evacuação dos acampamentos ciganos é para continuar (Gonzalo Fuentes/Reuters)

A intenção foi anunciada pelo ministro da Imigração, Eric Besson, numa conferência de imprensa destinada a mostrar que o núcleo duro do Governo se mantém coeso, mesmo depois de dois dos seus mais influentes ministros terem criticado o plano para o derrube de acampamentos e a expulsão dos ciganos que aí viviam.

Bernard Kouchner, o socialista que Nicolas Sarkozy chamou para os Negócios Estrangeiros, disse que chegou a ponderar demitir-se. O fundador dos Médicos Sem Fronteiras sublinha que “é necessário fazer respeitar a lei”, mas confessou-se de “coração apertado” com as declarações de alguns colegas. Na véspera, o ministro da Defesa, o centrista Hervé Morin, criticara o discurso “do ódio e do medo” adoptado contra os imigrantes.

Os dois ministros são tidos como possíveis “dispensáveis” na remodelação governamental que o Presidente prometeu para Outubro e que poderá também sacrificar François Fillon. O primeiro-ministro falou esta segunda-feira pela primeira vez sobre a expulsão de ciganos, para dizer que esta política “não é nova” e é praticada pela “quase totalidade dos países europeus”.

Admitiu, porém, que a questão está a gerar um “mal-estar” no Governo e criticou aqueles que dentro da UMP (o seu partido e o de Sarkozy) optaram por uma “escalada desnecessária” para servir “objectivos políticos”. Sem se distanciar da política, Fillon distanciou-se do tom “securitário” adoptado por Sarkozy e dos seus principais aliados, notou o jornal Le Monde.

Mas, horas depois, os aliados do Presidente voltaram à carga. “Não evacuamos os acampamentos porque eles são ciganos [...] mas porque há uma realidade a que não podemos fechar os olhos”, disse o ministro do Interior, Brice Hortefeux. “E a realidade é que, hoje em dia em Paris, um em cada cinco roubos é cometido por um romeno”, disse o ministro, segundo o qual os crimes praticados por estes estrangeiros na capital “aumentaram 259 por cento em 18 meses”.

A evacuação dos acampamentos é, por isso, para continuar, como é para continuar a expulsão dos que ali viviam. Besson revelou que desde 28 de Julho – data em que Sarkozy prometeu mão dura contra o crime – já foram repatriados 979 cidadãos romenos e búlgaros, dos quais 828 de “forma voluntária”.

Mas agora Paris quer alargar as situações em que um estrangeiro pode ser “conduzido à fronteira” – a forma mais coerciva de expulsão – para incluir nelas o roubo e a “mendicidade agressiva”. Uma interpretação radical da directiva europeia de livre circulação que permite aos estados expulsar cidadãos comunitários, mas apenas quando estejam em causa “razões graves” de ordem, segurança ou saúde pública.



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Acho uma discriminação! Um ultraje! A mim ninguém me paga viagens de regresso a casa nem me dá além disso 300€ para a mão. E se eu roubar ainda sou presa. Racistas! Xenófobos! Onde estão os meus direitos? Bandidos!.....

2 comentários:

Dylan disse...

Ai de alguém que pratiques "mendicidade agressiva" sobre mim. Puxarei logo a culatra atrás!

Sara non c'e disse...

Bandido! xenófobo! racista! forreta :p