Hoje começou o meu pesadelo. A vida adulta que todos temem, que todos querem adiar, mas que algum dia tem de chegar se queremos comer, comprar roupa e pagar a net que nos deixa fazer posts inúteis. Enfim, as necessidades básicas. Hoje fui abrir actividade nas finanças. Lá me apresentei e tal: "Olá Finanças, sou a Sara, espero que tenhamos uma relação feliz, que é como quem diz, que não tenhamos de nos ver muitas vezes. Espero também que me digas detalhadamente tudo o que tenho de fazer para que daqui a cinco anos não me chegue uma multa qualquer a casa sabe-se lá vinda de onde. Ah, e vê lá o que me andas a descontar que aquilo que eu ganho não chega ao ordenado mínimo". Posso ir de pé atrás, mas a educação é muito linda e nunca se sabe quando as Finanças nos podem sorrir de volta (sim, eu sei, não existem sorrisos numa repartição de Finanças, nunca se viu, mas sorrir não paga imposto nem faz retenção na fonte).
Bom, pior do que entrar no mundo das finanças é entrar no mundo dos recibos verdes. Já se sabe que uma desgraça nunca vem só. Algo me diz que hoje é o primeiro dia do resto da minha vida.
A semana passada aderi a um grupo no Facebook contra a precariedade dos recibos verdes e só via mensagens de pessoas com os seus 30s e 40s a dizer coisas animadoras como: "Desde os 18 que não tenho direito a baixas, que desconto para a segurança social mas nunca hei-de ter direito a subsídio de desemprego, reforma, subsídios de férias e Natal". ....
Lá peguei no livrinho mágico, desejando que aquilo fosse um livro de cheques. Mas que raio.. os recibos são azuis e brancos... Chamam-lhes verdes porquê? Porque o verde é a cor da esperança? Porque as pessoas ficam verdes quando ficam 15 ou 20 anos a recibos e um dia ficam desempregadas e não têm direito a nada?
Não sei. Se calhar daqui a 15 ou 20 anos também hei-de ter a resposta. Espero que não. Espero que até lá o mundo já seja um lugar um bocadinho mais justo.
6 comentários:
Boa sorte... as nossas relações com as Finanças, ou carinhosamente "Fisco" ao fim de alguns anos de conhecimento mútuo, nunca são fáceis, nem dóceis e nem um mar de rosas! Prepara-te!
Sara, oxalá que sim. Mas com a próxima revisão constitucional, quer-me parecer que o recibo verde vai passar a ser a única forma de trabalhar e ser pago. Mal. Mas pago.
Valham-me os santos laborais :( esperemos que eu tenha mais sorte do que milhares de outros portugueses...
Lamento que uma jovem como tu tenha que entrar de imediato nesse complicado mundo fiscal. Um nojo estes recibos verdes que só contribuem para a precariedade laboral!
A cada colega que vejo colocado, quer seja do meu curso ou de outro, lá vem associado essa coisa de recibo verde! parece moda! odeio as condições precárias em que obrigam as pessoas a trabalhar. conhecer quem esteja assim há anos é revoltante... ia dizer triste porque é, mas a melhor palavra é revoltante!
E quando tens de ponderar se ficas ou não no emprego, pura e simplesmente porque te informaram que o que vais pagar pode corresponder mais ou menos a metade do teu ordenado em alguns meses porque não atinges não sei o quê, mas também não tens não sei que mais... (estou a falar numa " prestação de serviços" como eles gostam de chamar e que não tem horário fixo e que num mês te pode correr bem e dar para pagar as contas e no outro nem por isso. é o que está a acontecer a uma colega de curso cuja isenção está quase a terminar...)
Sara já to disse e repito quero mesmo que tudo te corra bem! bolas quem se esforça não é isso que merece?
Tenho medo das hortigas que estão prontas para me picar... mas que fazer... venham elas!
boa sorte ! ;)
Enviar um comentário