27 novembro, 2009

Nunca gostei de matemática.

Exercício de cálculo mental:


10 empregos para 100 jornalistas = lei da oferta e da procura. Se há muita procura, as ofertas de emprego podem ser niveladas por baixo e haverá sempre quem aceite essas condições na mesma [salários ridículos (quando existe realmente um salário) pressão para nada de sindicatos, trabalhar as horas que forem precisas, etc.].

Em 10 jornalistas precários existe uma percentagem elevada de jornalistas condicionados pelo mercado de trabalho, e que tudo farão para não serem despedidos, inclusivamente não pensar pela sua própria cabeça e questionar certas estórias que são incumbidos de fazer (pelos tais grandes proprietários que querem vender jornais como se de pacotes de batatas fritas se tratassem), ainda que aquilo seja a maior treta de sempre.

A restante percentagem conseguiu entrar na profissão numa época em que a imprensa não era gerida como um supermercado, construíram a sua carreira e mesmo que saiam serão absorvidos por outro meio de comunicação, que reconhecerá o seu valor, logo podem ser efectivamente jornalistas, questionar, decidir, correr atrás e saber do que falam.

- investimento na imprensa = - jornalismo de investigação = + spin doctoring.

Imprensa precária = Democracia precária.

+ cursos de jornalismo a abrir e vagas a aumentar = a mesma equação passa a ser feita com 10 000 jornalistas em vez de 100. As condições de trabalho diminuem ainda mais. Empresas e Governo ficam felizes.


Fim.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não é só no jornalismo, o país está todo assim.
O que se vai safando ainda é a medicina.
Beijocas e bom fim-de-semana.

Pronúncia disse...

E dizes tu que não percebes de matemática... olha que não parece nada! Estas tuas equações estão certíssimas.

Bom fim de semana ;)

Sara non c'e disse...

teiasonhos, o país pode estar todo assim. Mas na minha opinião uma imprensa precária tem mais consequências para a democracia do que o desemprego em História ou Arqueologia... Não sei, é a minha opinião...