11 janeiro, 2009

Empresa procura estagiário para regime de full-escravatura

A A Global Key procura:

Jornalista estagiário (não remunerado)

Os candidatos deverão:
- Ter disponibilidade para trabalhar ao fim-de-semana e durante a semana;
- Ser licenciados ou frequentar um curso na área do Jornalismo, Comunicação Social;
- Conhecimento e gosto pelo desporto;
- Disponibilidade imediata e total.
Horário: 9 horas às 18 horas
Local de trabalho: Lisboa

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Jornalistas Estagiários.
Local: Lisboa
Área: Saúde
Regime: Full-time

Publicação semanal procura jornalistas estagiários para produção de notícias e cobertura de eventos na área médica e da saúde.

Requisitos:Licenciatura em comunicação/jornalismo (ou finalista do curso)
Disponibilidade para eventuais trabalhos em horário pós-laboral
Capacidade de trabalhar sob stress e de cumprir prazos curtos
Experiência na área da saúde (preferencial)

Oferece-se:Subsídios de almoço e deslocação.

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Isto são apenas dois exemplos retirados do meio de uma imensidão de anúncios do Carga de Trabalhos, mas podia ser de outro lado qualquer. Não percebo. E ainda dizem que há falta de trabalho! Quem diz isso com certeza não quer trabalhar, ahaha.. .... .. .

O meu estágio curricular realizado no segundo jornal mais vendido do país acaba dia 21 de Janeiro. Foram três meses de aprendizagem e de muito trabalho numa empresa que dá lucro todos os anos, mas que não está a contratar jornalistas. Por isso o facto de não ter sido convidada para ficar não me desiludiu minimamente. Desilude-me, sim, o facto de nem se dignarem a dar um subsídio de alimentação e transporte a quem vai todos os dias fazer um trabalho igual ao de todos os outros a troco de nada, e a frieza com que os estagiários são descartados. Com as perguntas frequentes do: "Quando é que acaba mesmo o teu estágio?" "Vê lá se adiantas a reportagem porque dia 21 vais embora" ou "Quando é que acaba mesmo o teu estágio? Estagiário x começa dia 19 então, e passados alguns dias vem outro".

E quando a duas semanas de irmos embora alguém vem falar baixinho connosco e pergunta: "não há possibilidade de prolongares o teu estágio?" o coração bate mais depressa porque nasce uma esperança, por mais ínfima que seja, para depois ouvir que o nosso nome foi recomendado a uma bela instituição, cujo primeiro nome começa por casa e o último é música, porque estão cheios de trabalho, mas... não querem pagar.
Não querem pagar.
Estão cheios de trabalho, mas não querem pagar.
Querem um estagiário em estágio curricular porque se for profissional já têm de pagar.
-"Ah, mas eu já acabei o curso, não posso fazer mais estágios curriculares..."
-"Hum... não podes ver se há maneira?"
-"Err.. duvido... além disso só iria se soubesse que havia hipóteses de ficar, senão são apenas mais 3 meses sem perspectivas". Custou-me dizer exploração a quem me recomendou, embora ambos soubéssemos o que 'perspectivas' queria realmente dizer.
-"Pois.. isso já terias de falar directamente com eles, não estou por dentro do assunto".
Calhou de, no dia seguinte, num jantar, ter conhecido alguém da área financeira dessa tal Casa, que me disse que lá nãoe stão a contratar ninguém.

Eles têm muito trabalho, mas não querem pagar.
Eles dizem que precisam de um estagiário.
No meu código de linguagem o que eu entendo é que eles precisam de um escravo, e acho que devia dizer-lhes que a escravatura já foi abolida, não vão eles continuar equivocados...

E o chato nisto tudo é que não adianta eu dizer que não a quem quer um trabalhador mas não lhe quer pagar.
Não adianta chamar as coisas pelos nomes a quem põe diariamente anúncios como aqueles por aí.
Porque, se eu não aceitar, se eu não responder, alguém vai fazê-lo e nada vai mudar.
Esta política egoísta de regime de escravatura encoberta por outra designação mantem-se e vai perdurar...

Não há propriamente falta de trabalho, mas sim falta de respeito pelos outros...
Há tantos locais que precisam de mais gente a trabalhar, mas que não querem contratar porque "não há dinheiro", quando a seguir vão almoçar à pala da empresa, fazem telefonemas pessoais à custa da empresa, desviam umas quantas coisas...

Esta merda revolta-me sempre que vejo um daqueles anúncios dirigidos à minha área e faz-me questionar porque é que andei a estudar 15 anos (mais de dois terço da minha vida!), precisei de média de 16 para entrar na faculdade pública e acabei com uma boa média tudo isto...

Já chega de desabafos inúteis que não servem para nada nem para ninguém. Nada muda. Vou continuar a fazer o meu biscate de Domingo que, esse sim, me vai dar uns trocos.

Welcome to the Jungle!

4 comentários:

Anónimo disse...

Como eu te entendo... =( aqui estou eu de volta a Portugal e à procura de melhores dias.

Obrigado pela tua visita ao meu pasquim (eliminei o teu comentário porque usaste o meu nome real... aqui na blogosfera tratam-me por Luna... ah e tal privacidade [não que sirva de muito, mas enfim])

Boa sorte pa este ano ;)

Biju*

R. disse...

podia dizer o mesmo mas de Direito... :/ uma pessoa devia era ter-se dedicado aos números, em vez das letras lol *

Tiago disse...

lol rita, números não!
eu também vou ser um desempregado feliz, não sei de que ramo, mas vou, lol.. são vidas, mas enquanto não chego lá, vou fazendo de conta, o pior é quando se já lá está. vou aproveitar enquanto posso.

Liliana Carvalho Lopes disse...

Não podias estar mais certa!

Beijo**