09 fevereiro, 2013

A reforma do Estado

Depois de ver o último episódio da Grande (enorme!) reportagem da SIC sobre o BPN, da autoria do jornalista Pedro Coelho, fico a digerir a revolta.

A TV fica ligada. Segue-se um anúncio do Banco BIC (o tal banco angolano que comprou a parte porreira do BPN a preço de saldo e deixou o lixo para eu pagar), com o seguinte slogan: "Crescemos juntos". Não, não crescemos. Pagámos juntos, apenas isso. Eu paguei o BPN, vocês compraram-no pronto a gerar lucro, vocês crescem e eu, como os restantes contribuintes, afundamo-nos numa dívida que não geramos.
E fico a digerir a revolta.

Começa o notíciário da SIC Notícias. A primeira peça é sobre o corte (mais um corte) de 4 mil milhões de euros que precisamos fazer no Estado para "dividir o rácio da dívida pública". Prosseguem os cortes da educação, na saúde, nos nossos direitos, e mesmo assim a totalidade desses cortes não chega ao valor do buraco deixado pelo BPN. Ainda tenho de ouvir o Carlos Moedas dizer que temos de trabalhar para conseguirmos "preparar para a 7ª avaliação um número de medidas e opções para poupar, para sermos mais eficientes".
Sermos mais eficientes. Temos de ser mais eficientes, eu e os contribuintes. Temos de aguentar. Se os sem-abrigo aguentam, porque não nós?
E fico a digerir a revolta.

Sem dúvida que o Estado precisa de uma reforma. Precisa de gente melhor no governo. Precisa de gente com carácter. Precisa de uma melhor justiça a defendê-lo. É essa a "Reforma do Estado" que deveria ser debatida no próximo Conselho de Estado. Mas por gente de tão baixa laia, sabemos que isso não irá acontecer.

E nós deixamos. Sem revolta. Até quando?

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