12 outubro, 2011

Está sempre tudo ao contrário

Um dos problemas de Portugal é o facto de deixarmos tudo para a última da hora.

Temos vários anos para aplicar o processo de Bolonha nas licenciaturas? Vai-se vendo com calma. Até que no último ano do prazo implementa-se à bruta e há miúdos que a meio do seu curso de 4 anos vêem-no reduzido a 3 (aconteceu na Universidade do Porto, juro). Assim, sem mais. É que tinha mesmo que entrar naquele ano.

Jackpot de 3092827373 milhões de euros no euromilhões nessa semana? Ora essa, há toda uma semana para jogar.
Filas intermináveis à sexta-feira ao fim da tarde porque toda a gente achou que ninguém iria deixar o registo do boletim para a última da hora.

Tenho 2 meses para me candidatar a bolsa de estudo? Ui, tanto tempo, e tanta coisa mais urgente para fazer entretanto, como ir ao facebook ou escrever baboseiras num blogue! Na véspera, percebo que estou com problemas em enviar os documentos online e o último dia é sábado, ninguém me vai ajudar. Mil pedidos de perdão no envio atrasado de documentos que basicamente decidiam se eu continuava a estudar ou não.

Assim é ser português, na sua generalidade.

E quem são precisamente os portugueses que não se encaixam nesta descrição?
Idosos.

De todos os portugueses que deixam tudo para a última da hora, são precisamente aqueles que deviam deixar-se andar que querem fazer tudo à primeira. Ir aos correios de manhãzinha antes do trabalho é tarefa hercúlea, nomeadamente se é semana de reformas. Todo o pensionista quer ser o primeiro a entrar nos correios, como se não tivessem a manhã toda ou o dia todo para fazê-lo.
Centros de saúde? Idem. Serviços públicos no geral. Supermercados também, mas isso chateia menos. O idoso levanta-se com as galinhas, vai para a porta do serviço ainda antes dele abrir e espera ali ao calor / frio, provavelmente para depois "não ficar à espera na fila".

Será que isto vem com a idade? Será que ir a um serviço público é encarado como forma de convívio?
Em princípio saberei a resposta daqui a 40 anos. Logo vos digo alguma coisa.
Bem cedinho, claro.

1 comentário:

Cirrus disse...

40 anos... Merd@, pá...