15 setembro, 2011

Afinal a expressão tem algum sentido

Desde que moro numa residência universitária (ainda só lá vai mais de ano e meio, mas pareceram-me 15 anos) que percebo o significado da expressão "deves ser filha única". Não que alguma vez a tenha ouvido, mas num sentido de auto-crítica que decidi partilhar com os leitores que não me conhecem de lado nenhum. É que se me vou auto-criticar, que seja perante pessoas que nunca me vão poder atirar isso à cara numa discussão (sou filha única mas sou esperta).

É ao ter de partilhar o meu quarto e restante espaço exíguo da casa com mais um monte de gente que mais sinto falta do meu espaço, da minha privacidade.
Prefiro a gaveta protegida do frigorífico do que partilhar uma prateleira aberta sem divisórias. Sim, sou territorial;
Quando chego, estou sempre a torcer para que não esteja ninguém no quarto, ou em casa, para poder apreciar o silêncio e poder cantarolar pela casa e falar sozinha, como sempre fiz, uma vez que nunca houve no meu historial uma irmãzinha ou um pirralho a quem infernizar a vida. Com a minha mãe sempre no trabalho, cresci um bocado por minha conta. Ter de passar agora pelo inverso e ter sempre a casa cheia de gente faz-me confusão;
Não consigo entrar naquele esquema de "hoje cozinho eu, amanhã cozinhas tu, fazemos compras a meias": gosto de ter as minhas coisas e de fazer as minhas contas;
Entro mais facilmente na sala quando não está lá ninguém. Quando as miúdas estão lá, prefiro estar no quarto. Problema: o quarto não tem TV. Corrigindo: entro mais facilmente na sala quando não está ninguém e/ou está a dar algo na TV que me interessa. Nunca entro para simplesmente conviver, perguntar como foi a escola, como vai a família ou se o bobi já faz truques. Não que não meta conversa com a pequenada, atenção. Mas faço-o em andamento, por exemplo quando estou a fazer o jantar. É preciso rentabilizar o tempo! Para depois o vir gastar em posts idiotas neste blogue, claro.

E é basicamente por isto que percebo que me enquadro no estereótipo. Se em certos aspectos nunca fez sentido na minha cabeça a expressão "deves ser filha única", porque não recebi mais mimo por ser filha única, nem tive tudo o que quis (aliás, ao analisar bem a coisa, poderia dizer que os meus pais tiveram para aí 10 filhos), no sector "espaço" sou provavelmente uma peste de filha única.

Ao reler o texto tenho a sensação que isto dá uma imagem bem pior do que aquilo que sou na realidade. Ou isso ou eu é que tenho uma má noção de mim mesma. Duas auto-críticas num só post? Quando eu for famosa as revistas terão aqui material de qualidade...

9 comentários:

AUFDERMAUR disse...

Eu sou filha única e, quando fui estudar para Coimbra e tive que dividir a casa, fazia exactamente as mesmas coisas que tu descreveste.
A vantagem era eu ter o quarto só para mim, com televisão, vídeo e internet. Mas agia exactamente como tu... Sinto-me menos estranha depois de ler o teu post :)

Sara non c'e disse...

É por isso que eu gosto disto dos blogues. Há sempre alguém que nos faz sentir melhor.

P.S.: Gosto do nome com o qual assinas :)

Cirrus disse...

Pára e dá um tempo. Já está? Pronto.

AUFDERMAUR disse...

É mesmo verdade, na blogosfera conseguimos encontrar pessoas muito diferentes e algumas delas acabam por partilhar as mesmas experiências, pensamentos e sentimentos que nós, o que acaba por nos fazer ver que não somos tão estranhas como pensamos e que, como tu referes neste post, até acabamos por ser estereótipos.

Eu passei por tudo isso que tu descreveste e sempre achei que o problema era mesmo da minha personalidade, que mais ninguém era assim e que eu é que era a esquisitinha...

Eu também gosto muito do meu espaço e, mais do que isso, preciso dele e até acho que é saudável que assim seja. É bom sermos capazes de ser felizes e fazermos as nossas coisinhas sem precisarmos obrigatoriamente de uma companhia constante.

Adorei sobretudo aquela parte em que referes que precisas de rentabilizar o tempo para depois o gastares a escrever posts destes porque até nisso eu sou igual :D Mas, se são coisas que nos fazem bem e nos proporcionam prazer, nunca são idiotas e são, de facto, algo para o qual devemos guardar sempre um tempinho :)

PS- Não me admira que gostes do meu nickname, já leio o teu blog há algum tempo e já reparei que tens bom gosto musical :)

Sara non c'e disse...

Cirrus, não tenho tempo.. :P

AUFDERMAUR, sem dúvida que é muito bom não ter medo da solidão. Dou-me muito bem sozinha. Seja porque cresci numa casa mais vazia, seja porque hoje em dia os momentos sozinha são tão raros que sinto a falta deles como nunca antes. Solidão q.b., entenda-se. Bicho humano gosta de socializar :)

(e estes Smashing Pumpkins no Campo Pequeno, vais ver?)

AUFDERMAUR disse...

Claro que vou :P Até já tenho bilhete :P

E tu?

Sara non c'e disse...

Eu vou passar... Fui em 2007 quando ainda estava o Chamberlin na bateria, mas agora já não consigo que as músicas tenham o mesmo significado - apesar de saber que o Corgan sempre foi o elemento determinante.
Ora então muito bom concerto :)

AUFDERMAUR disse...

Obrigada :)

Eu gosto muito deles e do Billy e nunca tive o prazer de os ver e acho mesmo que esta oportunidade pode não se repetir tão cedo, por isso comprei logo o meu bilhete :)

Cirrus disse...

Não tens tempo ou "tempo"?