05 abril, 2011

Black gives way to blue

Tenho um paradoxo estranho na minha vida. Odeio drogas. Se há coisa que eu odeio mesmo e que, se tivesse poderes, punha no top das prioridades para erradicação, é a porcaria da droga. Fico deprimida quando vejo drogados, não consigo ver reportagens que mostrem gente a drogar-se. O tema afecta-me particularmente.

Ao mesmo tempo, sou completamente fanática por arte criada por drogados. Parece que é perseguição, mas tenho tendência a gostar muito de música feita por gente que é, sobretudo, dependente de heroína. E depois tenho de fazer posts como este, o que me causa bastante tristeza (e a vocês também deve causar, mas porque estão a ler um texto medíocre em vez de aproveitarem o tempo de forma mais proveitosa e divertida. Desde já as minhas desculpas).

Hoje é dia 5 de Abril. Já andava a pensar no dia há semanas. Por esta altura, colo sempre em Alice in Chains e em Mad Season. É inevitável, mas já cheguei à conclusão que é mesmo possível sentir saudades de alguém que nunca conheci. Quem me dera que neste dia, mas há 9 anos (já passaram 9 anos?!), não tivesse morrido Layne Staley da forma triste que morreu.
Ou que viveu.

Dizia-me o Paulo esta semana que a data é algo simbólica, e a perspectiva tem piada. 5 de Abril é a data da morte de Layne Staley mas também de Kurt Cobain. E é também o dia do aniversário de Mike McCready, o guitarrista dos Pearl Jam. O gajo que soube sair da má vida. O membro da única banda das três que se manteve sempre activa, enquanto que as outras duas morreram, juntamente com os seus vocalistas (sendo que os Alice in Chains voltaram do seu luto - e ainda bem). Ou seja: é uma data de morte, mas é também uma celebração de alguém que soube agarrar a vida, e que hoje deve estar a festejar à grande (e ainda bem, não fossem os Pearl Jam a banda da minha vida)

Gostava de poder agradecer a Layne Staley por toda a arte que criou e que partilhou, mesmo eu sabendo o estado em que o fez. E nunca saberei se não é esse estado tão deprimente que faz com que a arte que sai dali me atraia desta maneira.


Lay down, black gives way to blue
Lay down, I'll remember you.

5 comentários:

Cirrus disse...

Poderia comentar sobre os músicos que referiste. Bem , pelo menos em dois terços...

:D

Mas sobre as drogas: pois, eu também detesto essas coisas. Talvez não seja a droga que detestamos, sabes? Talvez seja a ideia de pobreza extrema que esta traz consigo.
Os músicos não têm esse problema... Olha o Lou Reed... Há quantos anos o homem é heroímano?

Nwanda disse...

"Art never comes from happiness."
E porquê só a música... conheces o exemplo espetacular do Jean Michel Basquiat?
If not, está na wikipedia, recomenda-se :)

Sara non c'e disse...

Como diz o Bill Hicks no início de uma música dos Tool:

"See, I think drugs have done some *good* things for us, I really do. And if you don’t believe drugs have done good things for us, do me a Favor: go home tonight and take all your albums, all your tapes, and all your cd’s and burn em’. 'Cause you know what? The musicians who’ve made all that great music that’s enhanced your lives throughout the years...
Rrrrrrrrrrrrreal high on drugs."

Sara non c'e disse...

Cirrus, depende da dimensão do problema. O Layne Staley morreu de overdose e não sei como não morreu mais cedo. O homem basicamente fechou-se anos em casa, rodeado de drogas. E foi pela falta de actividade na conta bancária que a gestora de conta dele telefonou para a família. Neste caso o problema não foi de todo a pobreza :/

Nwanda, não conheço mas vou tratar disso :)

Cirrus disse...

Nem me fales dos TOOL...