27 fevereiro, 2010

26-02-2008

Era a sua última noite na cidade do sonho. Talvez devesse ir festejar com os seus companheiros, como havia feito diariamente nos últimos 6 meses. Mas não… a última noite era demasiado especial, tristemente especial. Decidiu então sair num encontro a dois. Não, não convidou a sua colega (e amiga) de casa. Apesar de algum remorso, não lhe disse nada e foi ter com quem mais queria estar. Só ela e a sua Roma.
Desta vez não levou o mapa, não tinha medo de se perder porque não havia destino. Vagueou pelos locais mais bonitos, caminhou pela rua das lojas até chegar ao jardim mais belo daquele paraíso! Passeou, fotografando constantemente os mesmos locais que já havia fotografado, desta vez mais com a memória do que com a máquina fotográfica. E caminhou, e caminhou… pelo caminho, lembrou-se: porque não ir ao cinema ver um filme sobre alguém que se sentia exactamente em comunhão com um lugar como ela? Ainda por cima com uma banda sonora tão bonita… Está decidido. Lembrou-se que havia uns cinemas junto ao rio e perguntou aos romanos onde havia uma sala com versões que não fossem dobradas. Coisa rara! Só havia três. Só um tinha o filme… caminhou, perdeu-se alegremente, e chegou ao destino. Nunca tinha ido ao cinema sozinha… Naquela noite não trocava a sua solidão por companhia nenhuma do mundo. A sala era pequena. As pessoas ao lado sabiam a banda sonora quase tão de cor como ela. Chorou. Não sabe bem se pelo filme, se por saber que ia embora. Chorou quando o protagonista morreu… Nunca gostou de fins e no dia seguinte tinha um à sua espera. Chorou, num filme que fala sobre a fuga da rotina, sobre um jovem que tinha tudo e tudo largou para ir viver sozinho no Alasca em comunhão com a natureza. Ao contrário do que as pessoas disseram depois do filme, que tinham vontade de largar tudo e partir também, ela sentiu o contrário… Já era altura de voltar para a sua cidade natal, para a sua família.
Saiu do cinema.
Voltou para a sua ainda casa.
Despediu-se de quem ainda ficava por mais uns dias; arrumou as malas;
Fora a sua última noite na cidade do sonho.

1 comentário:

Manuel Martins Barbosa disse...

nao te sabia narrativa. De certa forma, sei o que isso é =´)