01 fevereiro, 2010

1+1 =2?

O Jornal de Notícias recusou publicar um texto de opinião onde Mário Crespo relata um encontro entre Sócrates, Lacão, Silva Pereira e um executivo de televisão, onde Crespo foi referido como um «problema» que tinha de ter «solução». O jornalista contou ao SOL que vai deixar de colaborar com o diário.


Obviamente que isto é grave. Há demasiado fumo, tem de haver fogo. Não gosto de Mário Crespo, não concordo com a sua visão tendenciosa das coisas, embora Mário Crespo saiba, pelo menos, opinar nos espaços a isso dedicados, e não enquanto apresenta um programa de informação, como uns e outras.

José Leite Pereira ou é fanático, ou foi pressionado/fez um jeitinho em troca de algo, ou temeu meter o seu jornal ao barulho contra gente tão poderosa, que poderia mover 1001 processos por difamação. 
Além disso, como provar que aquela conversa teve lugar? Parece-me que esta é a questão essencial, pois o artigo de crespo baseia-se num diz que disse.
É que parece-me ridículo censurar um artigo de opinião de um opinion maker com tanto acesso à comunicação social... Mas parabéns se houve algum inteligente que achou que isto era a melhor maneira de encobrir o caso, pois só conseguiu atrair mais atenções para ele.


Custa-me ser repetitiva, mas casos como este acontecem e acontecerão uma e outra vez, com mais mediatismo ou mais secretismo enquanto os media forem cada vez mais dependentes e, portanto, susceptíveis a pressões.



Para terminar, uma passagem da Constituição da República Portuguesa:


1- É garantida a liberdade de imprensa.
2- A liberdade de imprensa implica: a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional;
(…)
4- O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou cruzadas.

7 comentários:

Johnny disse...

Apesar de ser um artigo de opinião, não deixa de conter afirmações ou insinuações gravíssimas que não podem ser ou não foram provadas. Acho graça ao Mário Crespo, partilho as preocupações relativas à Liberdade de Imprensa, mas parece-me estranho que alguém queira impedir a publicação de um artigo, quando há mil e uma formas de o tornar público e parece-me estranho que o seu artigo tenha sido publicado na íntegra, com imediatez, na página do Instituto Sá Carneiro.

Mário Crespo até pode ter razão, mas a forma como insinua, tanto neste texto como no artigo do palhaço ou o do "imaginemos que o ministro não me ligou", é de baixo nível.

Sara non c'e disse...

Caro Johnny, comentei na caixa de comentários de outro blog, http://pronuncianorte.blogspot.com/2010/02/nao-e-preciso-ser-bruxo.html#comments o seguinte, que vai ao encontro daquilo que escreveu aqui:

"Eu acho que esta é a maneira mais fácil de se ver a situação... Se o objectivo era abafar o comentário de Crespo, esta seria a pior maneira possível de o fazer porque só atrairia visibilidade. Além disso, o que não falta a Mário Crespo é quem lhe queira publicar as coisas...

Quanto à sua coluna de opinião, ela lá continuaria para ele, o Mário Crespo é que prescindiu dela porque o director não quis assumir as consequências de publicar o seu texto.
Texto esse que é meramente baseado num diz que disse... como provar que isto aconteceu? Por alguém que ouviu num restaurante? Um jornal sério não pode assumir um risco destes. Os visados teriam toda a legitimidade em abrir uns processozinhos...

E um caso mais complicado do que simples censura. Até porque se há alguém com as portas abertas para os meios de comunicação é Mário Crespo..."

:)

Johnny disse...

Com o comentário, concordo absolutamente, aliás, vou à pronúncia dizer isso mesmo.

Pronúncia disse...

Sara, se o 1+1=2 era uma indirecta para o meu post, já te respondi lá!

Caso não seja, peço desde já desculpa por o ter interpretado como tal, mas estou certa que compreenderás o porquê desta minha interpretação.

Sara non c'e disse...

Pronúncia, fiz o texto antes de ver o teu post. Percebo que se calhar penses assim por causa do comentário que transcrevi aqui colocado no teu blogue, mas copiei-o porque foi o único local onde me lembro de ter comentado e já foi muito muito depois de ter feito o post...

Obviamente não é uma indirecta para ti porque o assunto está a ser levado por este prisma por toda a blogosfera... e é sem dúvida a primeira conclusão óbvia a tirar. Não digo que não possa ser verdadeira, mas por norma gosto de expor outras possibilidades (como já tenho feito neste blog) quando as coisas ficam por explicar. Por isso, mais uma vez, não foi indirecta nenhuma...

Pronúncia disse...

Sara, já te respondi lá no meu tasco, mas quero fazê-lo também aqui. Acredito em ti, e como tal apresento-te as minhas desculpas por ter entendido este post como uma possível indirecta ao meu.

Gosto da tua forma de cobrires os possíveis pontos de vista de um mesmo assunto. É por isso que aqui venho diariamente e comento quase sempre... :)

Sara non c'e disse...

Percebi depois, como já te expliquei lá, o porquê de teres achado que era uma indirecta e no teu lugar também teria pensado o mesmo!
Já estou farta do Sócras e do Crespo :P
***