18 setembro, 2009

silly gate

O assunto do dia de hoje é lançado pelo director do Público, sobre a suspeita do próprio jornal Público estar a ser espiado. O que, convenientemente, "vem confirmar as suspeitas do Presidente da República» de que estaria a ser vigiado pelo Governo", disse o futuro ex-director do jornal à TSF. (Ou seja, assim, o Público estava certo, e até escusava de ter levado uma lição de jornalismo do provedor do jornal). Isto por causa de um e-mail ultra secreto, sobre o recente silly gate luso.

Apesar do tal e-mail, a que o Diário de Notícias teve acesso (link da TSF, pois o DN ainda não disponibilizou a peça online), ter circulado entre "5 ou 6 pessoas", José Manuel Fernandes sabe, tal como sabia da existência das tais escutas, que o Público está a ser espiado pelo governo.

Alegadamente, no e-mail é perceptível que o caso das escutas a Belém foi "encomendado" pelo próprio Cavaco Silva. Seria fofíssimo que isto se confirmasse. E esta seria a verdadeira notícia do dia, mas um jornalista achou que o protagonismo deveria ser dele.



A principal conclusão desta novela é que há algo de muito podre a passar-se na nossa sociedade. Todos os dias surge mais um caso, mais uma ilegalidade, uns confirmam, outros desmentem.

Como é possível pedirem às pessoas para votarem nos políticos que estão sempre envolvidos nestas mixórdias?!?

A certa altura já se torna normal este tipo de mentiras enviadas de um lado para o outro. As verdades também lá andarão, nós é que nunca as chegamos a saber na realidade. As pessoas estão tão fartas destas estórias diárias que se indignam durante 1 minuto e meio, soltam para o ar um sábio "é o país que temos, cambada de gatunos", e seguem a sua vida até ao próximo escândalo. E por mais cliché que seja, a culpa morre mesmo solteira.

Como é que queremos ser um país desenvolvido com este tipo de miolo?
Como é possível que as pessoas consigam debater os reais problemas do país se todos os dias há uma diversão a impedir que se discuta o que interessa?





E eu que ia fazer um simples post a perguntar o que é que acrescenta (ao intelecto, à estupidez, ao intestino grosso, qualquer coisa) uma fotogaleria de funerais? Qual é a morbidez que leva um editor do Jornal de Notícias a mandar um fotógrafo para Penafiel fotografar a dor de pais que perderam as suas filhas, e depois fazer uma fotogaleria inteira com isto?!?

O jornalismo neste país é PODRE!

4 comentários:

Cirrus disse...

Quanto à primeira parte do teu post, estamos conversados, disseste tudo. temos um povo espectacular, de boa índole, que tudo perdoa e tudo esquece.

Quanto ao teu último parágrafo, a brasileirização dos nossos media é cada vez maior. Os noticiários cada vez mais parecem reality shows de baixa qualidade, e os jornais publicam fotografias de vítimas de acidentes e das dores dos familiares como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Sara non c'e disse...

Cirrus, não temos um povo que tudo perdoa. Temos é um povo que tudo deixa andar, porque intervir dá trabalho. Somos também um povo sem qualquer elo, que não se junta para exigir os seus direitos. Somos uma sociedade amorfa.
Fico revoltada porque quando se fala mal do jornalismo eu gosto de o defender, mas assim não dá...

Anónimo disse...

Eu já não defendo o jornalismo. Tento mudar, mas é difícil. Mas decidi não criticar nem elogiar. Assim como deixei de ficar surpreendida de ver casos assim na política, assim como as crianças já nem se surpreendem com filmes de terror. Estamos apáticos. E isso é triste.

[olha que giro, foi o Pedro Correia que fotografou!]

Sara non c'e disse...

Luna, não foi o Leonel? Tinha ideia de ter lido o nome dele nos créditos :)

edit: foram ambos! coitados...